Aqui vai o relato do parto. No dia 14 acordei de manhã e senti-me um pouco molhada. Pensei logo que a bolsa estava rota, mas como era tão pouca quantidade achei que pudesse ser suor. Levantei-me, fui beber água e telefonei à minha mamã, que estava em alerta laranja há já uma semana, a avisá-la que ainda não tinha sido esta noite (e ela que estava tão confiante, e com razão, que seria na mudança da Lua).
Voltei para a cama, para mimar o meu maridinho, e novamente a sensação de molhada fez-se sentir, aí fez-se luz (ou melhor água) e percebi que a bolsa devia estar rota na parte superior. O Paulo disse logo que devia ter sido o nosso Pedrocas a rompê-la com as unhas dos pés LOL.
Outro telefonema para as respectivas mamãs, que entraram em alerta vermelho. Contrações - zero, medo: um pouco. Tomámos banho, o Paulo fez-me um bom pequeno-almoço a adivinhar que daí para a frente seria só soro. Ainda fomos a casa da minha sogra deixar umas coisas e de seguida buscar a minha mamã que fazia questão de estarar por perto.
Chegámos ao Hospital às 13 horas e nas urgências confirmaram que a bolsa estava rota e que teria de ficar internada. Segui para o bloco de partos sozinha e ligaram-me ao CTG que continuava a acusar zero contracções.
Avisaram-me que quando a bolsa se rompe, mas não se entra em trabalho de parto, só passadas 24 horas se provoca o parto, até lá tinha de estar naquela posição desconfortável...
Comecei a imaginar que só provocariam o parto no dia 15 de manhã e sendo este o meu primeiro filho só no dia 15 à tarde, ou à noite, é que poderia vê-lo.
O Paulo subiu por volta das 16h e por volta das 23h comecei a sentir algumas contracções, mas como o CTG não acusava nada até pensei que pudesse ser da posição ou cólicas. O Paulo começou a contar o intervalo e no início eram muito irregulares, depois começaram de 10 em 10 minutos e às 4 da manhã de cinco em cinco minutos, nessa altura, apesar do CTG não acusar grandes variações decidimos chamar uma enfermeira e elas, muito queridas, disseram que acreditavam mais em mim do que numa máquina e fizeram-me o toque pela primeira vez desde que chegara (não tinham feito antes para não haver risco de infecção), resultado - 5 dedos de dilatação, colo do útero muito fininho (que quer dizer que o colo estava pronto para a expulsão) e uma bossa (isto é o meu Pedro já andava às cabeçadas no canal vaginal para sair). Disse logo que com 5 dedos já tinha direito a epidural e queria, ficaram todos um pouco admirados, eu inclusive, porque não estava a ter imensas dores mas como não sabia o que vinha a seguir decidi não arriscar e ainda bem que o fiz porque nas últimas três contracções antes da epidural já não conseguia respirar como deve ser e só apertava as mãos do Paulo. Depois da epidural fiquei no céu e ainda descansei um pouco. Não tinha dores mas já sentia uma grande vontade de passar à fase da expulsão, é muito rápido pensava eu, e não dizia nada (tonta) as duas enfermeiras que estavam de serviço à noite é que tiveram um sexto sentido e foram ver como é que eu estava - 9 dedos de dilatação. Mandaram-me logo para a sala de partos. Eram 6:30 da manhã quando entrámos na sala de partos. A enfermeira explicou-me o que eu deveria sentir e como fazer quando sentisse uma contracção. Eu bem me esforçava mas nem sempre fazia força no sítio certo, a cabeça do Pedro estava mal posicionada e quando a rodavam ele voltava a virar-se por isso o médico decidiu usar ventosa, sinceramente não me lembro desta parte, só sei que o Paulo não parava de me dar beijinhos na testa e eu arranjei forças não sei onde. Nesse momento sinto o Pedro a sair e colocam-mo em cima da barriga com aqueles pés lindos virados para mim. Ouço o Paulo, ouço o choro do Pedro e o Paulo a soluçar. Faço-lhe muitas festas nos pés e assim que cortam o cordão umbilical viram-no para mim - "está aqui a mamã" "está aqui o papá" dizemos nós e ele pára imediatamente de chorar e fica a olhar para nós - que sensação única e maravilhosa. Ouvimos os primeiros pássaros a cantar lá fora e os primeiros raios de Sol - o dia mais feliz das nossas vidas não poderia ter começado de melhor maneira! Eram 7h e 18'.
Enquanto o papá Paulo foi mostrar as fotografias à avó Graça e à tia Diva que, diligentemente, esperavam cá em baixo por notícias, eu comecei a dar de mamar ao meu filho, pela primeira vez! - que sensação boa.